terça-feira, 4 de maio de 2010

Uma experiência educacional

Posted on 06:21 by João Victor Souza Guimarães

Ultimamente, devido às minhas pesquisas sobre a inteligência de Cristo, tenho dado conferências em diversos congressos educacionais sobre um tema ousado e incomum: “A Inteligência do Mestre dos Mestres Analisada pela Psicologia e Aplicada na Educação”.
Os educadores, antes de ouvirem a minha abordagem, têm ficado intrigados com o tema proposto.
Uma nuvem de pensamentos perturbadores circula nos bastidores de suas mentes. Afinal de contas, nunca tinham ouvido ninguém falar sobre esse assunto. Ficam chocados e, ao mesmo tempo, curiosos para saber como será abordada a personalidade de Cristo e que tipo de aplicação poderá ser feita na psicologia e na educação. Alguns indagam: como é possível estudar um tema tão complexo e polêmico?
O que um psiquiatra e pesquisador da psicologia tem a dizer a este respeito? Será que ele fará um discurso religioso? Será que é possível extrair sabedoria de uma pessoa que só é abordada teologicamente?
Antes de iniciar essas palestras, sabia que os educadores constituíam uma platéia de pessoas heterogêneas, tanto em cultura, quanto em religião e habilidades intelectuais. Sabia também que suas mentes estavam em suspense e saturadas de preconceitos. Como tenho aprendido a ser ousado e fiel à minha consciência, eu não me importava com os conflitos iniciais. Após começar a discursar sobre a inteligência de Cristo, os professores começavam pouco a pouco a se encantar. Começavam a relaxar e a se recostar cada vez mais em suas poltronas: o silêncio era total, a concentração era enorme e a participação deles se tornava uma poesia do pensamento.
Após o término dessas palestras, muitos educadores se levantavam e aplaudiam entusiasticamente, não a mim, mas ao personagem sobre quem eu havia discorrido. Relatavam a uma só voz que nunca compreenderam Cristo dessa forma. Nunca pensaram que ele fosse tão sábio e inteligente e que o que ele viveu poderia ser não apenas aplicado na psicologia e na educação, mas também em suas próprias vidas.
Nunca imaginaram que seria possível discorrer sobre ele sem tocar em uma religião, deixando uma abertura para que cada um seguisse o seu próprio caminho.
Não poucos relataram que ao compreender a humanidade elevada de Cristo suas vidas ganharam um outro sentido e a arte de ensinar ganhou um novo alento. Contudo, não me entusiasmo muito, pois demorará anos para que a sua personalidade seja estudada e aplicada no currículo escolar e para que os alunos e os professores discorram sobre ele sem temores. De qualquer forma, uma semente foi plantada e talvez, no futuro, germine.
As salas de aula têm se tornado um ambiente estressante, às vezes uma praça de guerra, um campo de batalha. Educar sempre foi uma arte prazerosa, mas atualmente tem sido um canteiro de ansiedade.
Se Platão vivesse nos dias de hoje, ele se assustaria com o comportamento dos jovens. Este afável e inteligente filósofo discorreu que o aprendizado gerava um raro deleite. Todavia, o prazer de aprender, de incorporar o conhecimento está cambaleante. É mais fácil dar tudo pronto aos alunos do que estimulá-los a pensar. Por isso, infelizmente, temos assistido a um fenômeno educacional paradoxal:
“Aprendemos cada vez mais a conhecer o pequeníssimo átomo e o imenso espaço, mas não aprendemos a conhecer a nós mesmos, a ser caminhantes nas trajetórias do nosso próprio ser”.
Alguns dos discípulos do mestre de Nazaré tinham um comportamento pior do que muitos alunos rebeldes da atualidade, mas ele os amava independentemente dos seus erros. O semeador da Galiléia estava preocupado com o desafio de transformá-los. Ele era tão cativante que despertou a sede do saber naqueles jovens, em cujas mentes não havia mais do que peixes, aventura no mar, impostos e preocupação com a sobrevivência.
Algo aconteceu no cerne da alma e do espírito deles e de milhares de pessoas. A multidão, cativada, levantava de madrugada e procurava por aquele homem extremamente atraente. Por que os homens se sentiam atraídos por ele? Porque viram nele algo além de um carpinteiro, algo mais do que um corpo surrado pela vida. Enxergaram nele aquilo que os olhos não conseguem penetrar.
O mestre os colocou numa escola sem muros, ao ar livre. E, por estranho que pareça, nunca dizia onde ele estaria no dia seguinte, onde seria o próximo encontro, se na praia, no mar, no deserto, no monte das Oliveiras, no pórtico de Salomão ou no templo. O que indica que ele não pressionava as pessoas a segui-lo, mas desejava que elas o procurassem espontaneamente: “Quem tem sede venha a mim e beba”10.
Os seus seguidores entraram numa academia de sábios, numa escola de vencedores. As primeiras lições dadas àqueles que almejavam ser vencedores eram: aprender a perder, reconhecer seus limites, não querer que o mundo gravitasse em torno de si, romper o egoísmo e amar ao próximo como a si mesmo.
Almejava que eles se conhecessem intimamente e fossem transformados intrinsecamente. Os textos das suas biografias são claros, ele ambicionava mudar a sua natureza humana, e não melhorá-la ou reformá-la.

Escute ou baixe o audio:
http://www.4shared.com/audio/BycLi5no/Quanto_pior_for_a_educao_maior.html

Augusto Cury em O Mestre da Sensibilidade

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